sábado, 29 de janeiro de 2022

Beato Aloísio Andritzki - 03 de fevereiro

Aloísio Andritzki ou Alojs Andricki (Radibor, 2 de julho de 1914 - Campo de concentração de Dachau, 3 de fevereiro de 1943). Foi um sacerdote católico sorábio da Diocese de Sorbian Meissen e um adversário do nazismo. Foi morto no campo de concentração de Dachau e é um mártir católico.

Era filho do casamento de Magdalena e Juan Andritzki, professores. Tinha duas irmãs e três irmãos. Seus três irmãos também estudaram teologia. O irmão mais novo, Alfonso, que pertencia aos jesuítas, morreu como soldado na Segunda Guerra Mundial.

Freqüentou a escola primária em Radibor, após quatro anos de escola primária passsou ao colégio católico em Bautzen, e obteve o exame de admissão com distinção. De 1934 a 1937 estudou teologia e filosofia na Universidade de Paderborn. Após a formatura, viveu no seminário da Diocese de Meissen em Schmochtitz, Bautzen.

Andritzki foi membro da associação de estudantes do ensino médio Sorábia "Wlad" e durante dois anos foi seu presidente. Durante seus estudos, editou o jornal estudantil dos alunos Sorábios "Serbski" e porta-voz desses alunos.

Foi ordenado em 30 de julho de 1939 por D. Pedro Legge na Catedral de São Pedro, em Bautzen. Em 6 de agosto de 1939 celebrou sua primeira missa em sua cidade natal Radibor. Foi capelão da Hofkirche (Catedral Trindade de Dresden). Ali se lhe deu o encargo de ser pastor de jovens e Prefeito da "Dresdner Kapellknaben" e presidente da "Dresdner Kolpingfamilie".

Aloísio Andritzki estava desconfortável com o partido nazista e as autoridades em razão de sua sinceridade pessoal e tinha uma atitude negativa para com a ideologia nazista. Foi provavelmente um suspeito para os representantes da ideologia racial, que apontavam que Andritzki destacava pertencer à minoria eslava dos Sorábios. Em conferências e reuniões denunciou a perseguição de padres e crentes por parte dos nazistas e criticou os escritos do ideólogo nazista Alfred Rosenberg.

"Em dois anos iremos à guilhotina. Deveis habituar-vos, estas são apenas provas, mais tarde virá o pior". Era o mês de dezembro de 1940 quando o Pe. Andritzki disse isto a um grupo de jovens. Em 21 de janeiro de 1941 foi preso pela Gestapo e começaram os interrogatórios, em março, já preso foi acusado como inimigo do Estado, em 15 de julho, foi condenado a seis meses de detenção, por causa de "ataques violentos contra o governo e partido" ("Lei de Traição"), no dia em que foi solto foi novamente preso pela Gestapo. Em 10 de outubro de 1941 foi deportado para o Campo de concentração de Dachau. Reconhecido por uma jovem da paróquia de Dresden, ela referiu que o sacerdote sorriu até naquela ocasião.

Em Dachau, o martírio

O lager de Dachau era considerado o "campo dos sacerdotes": entre 1933 e 1945 foram ali aprisionados mais de 27.000 religiosos católicos e mais de mil perderam a vida. Depois de 1940 foi criado ali um "bloco para sacerdotes". No início de sua internação, juntamente com beneditino Maurus Münch, jurou "nunca se lamentar e não esquecer nem por um instante o sacerdócio". Um ano antes morrer escrevia ao seu pároco Wilhelm Beier: "Se o Senhor aparentemente afasto a sua face de nós e estamos, por assim dizer, esmagados no chão, não nos deixemos enfraquecer ao amor do nosso Pai celeste. Se não podemos ser semeadores procuremos ser pelo menos semente, para dar frutos em abundância no tempo da colheira

Após o Natal em dezembro de 1942, irrompeu entre os prisioneiros em razão da desnutrição e fruto das más condições e maus tratos uma epidemia de de tifo e Andritzki caiu enfermo. Em 3 de fevereiro de 1943 as suas condições pioraram a tal ponto que um sacerdote austríaco pediu permissão para dar-lhe a Comunhão, mas da reação do guarda deduziu-se que fora assassinado com uma injeção letal.

A pedido do bispo de Dresden-Meissen teve início em 1988, em Roma, o processo de beatificação de Andritzki, seria a primeira beatificação de um sorábio. A cerimônia aconteceu em 13 de junho de 2011. Na missa de beatificação presidida pelo Cardeal Angelo Amato, representante do Papa, o bispo de Dresden-Meissen, D. Joachim Friedrich Reinelt disse: "Os poderosos não acreditavam que deveriam prestar contas a Deus das suas crueldades. Odiavam a Igreja. Seguindo o slogan de Rosenberg - "a peste judaico-cristã extinguir-se-á" - os nazistas assassinaram 4.000 sacerdotes católicos. Em especial, para Dachau foram enviados 2.700 padres católicos, um lugar de torturas, humilhações brutais e negação de direitos. (...) "Quem crê permanece forte até a morte. Os "SS" não conseguiram sufocar aquele tenro rebento. Ao contrário, ele encorajava os irmãos de hábito com a simpatia, o humorismo, as acrobacias e o vigor juvenil

Fonte: Wikipédia 

Santa Maria Domenica Mantovani - 02 de fevereiro

Maria Domenica nasceu em Verona (IT), no dia 12 de novembro de 1862. Teve nos seus pais João Batista Mantovani e Prudência Zamperini, e no seu avô, que vivia com eles, a influência profunda de uma família honesta e cristã de trabalhadores simples, piedosos e dignos.

Frequentou apenas a escola primária, por causa da pobreza da família. Mas a falta de cultura foi compensada pelos dotes de inteligência, vontade e grande senso prático. Desde criança, mostrou sua vocação religiosa e, incentivada pelo avô, dedicava-se à oração e a tudo o que se referia a Deus.

Aos quinzes anos, Maria Domenica passou a ser orientada pelo padre José Nascimbeni, que a levou a prosseguir na vida da perfeição. Ela dedicava-se ao ensino do catecismo às crianças, visitava e assistia os doentes e os pobres.

Maria Domenica foi a principal fundadora de uma nova família religiosa, chamada "Pequenas Irmãs da Sagrada Família". Espalhado pelo mundo, este instituto conta com muitas Irmãs presentes em cento e cinquenta casas na Itália, Suíça, Albânia, Angola, Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil, dedicadas às mais variadas atividades apostólicas e caritativas.

Madre Maria Josefina da Imaculada faleceu depois de breve enfermidade, no dia 02 de fevereiro de 1934.


Fonte: Portal a12 

Beato Luís Variara - 01 de fevereiro

Luís Variara nasce em Viarigi, na província de Asti, a 15 de janeiro de 1875, no seio de uma família profundamente cristã. O pai Pietro tinha escutado Dom Bosco, em 1856, quando este chegou à cidade para pregar uma missão. Pietro decide, assim,  inscrever Luís em Valdocco para continuar os seus estudos. O Santo morreu quatro meses depois. Mas o facto de o ter conhecido marcou o pequeno Luís para toda a sua vida.

Terminada a escola, Luís Variara deseja tornar-se salesiano. Entra para o noviciado a 17 de agosto de 1891. Variara faz os seus estudos de filosofia em Valsalice, onde conhece Dom Andrea Beltrami, que o impressionou pela alegria com que enfrentava a sua doença. Em 1894, Dom Unia, o célebre missionário dos leprosos de Agua de Dios, estava em Valsalice para escolher um clérigo que o acompanhasse  na ajuda aos jovens leprosos. Entre os 188 companheiros que tinham essa aspiração, Dom Unia fixando o olhar sobre Variara, disse: «Este é meu».

Luís foi para Agua de Dios a 6 de agosto de 1894. O lugar contava com dois mil habitantes, dos quais 800 eram leprosos. Logo após a sua chegada, Luís tornou-se a alma de todos os recuperados, particularmente dos mais pequenos. Organizou uma banda musical, animando os doentes por um inesperado clima de festa. Em 1895 morre Dom Unia e Luís fica sozinho com Dom Crippa. Em 1898 foi ordenado sacerdote. Revelou-se rapidamente um ótimo diretor espiritual. Em 1905 concluiu a construção do «Asilo Don Unia», um internato com capacidade para 150 órfãos e leprosos, proporcionando a aprendizagem de um ofício e a sua futura integração na sociedade.

Em Agua de Dios, nas irmãs da Apresentação, surgiu a Associação das Filhas de Maria Auxiliadora, com um grupo de 200 raparigas, muitas das quais leprosas. Dom Luís era o seu confessor. Algumas do grupo, mesmo doentes, foram chamadas para a vida religiosa. Nascia assim um projeto ousado – único na Igreja – um instituto que aceitava pessoas doentes com lepra. Inspirando-se na espiritualidade de Dom Beltrami, Variara desenvolveu o carisma salesiano nos doentes e fundou a Congregação das «Filhas dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria», que conta hoje com 400 religiosas. Por causa desta fundação sofreu muito devido à incompreensão de muitas pessoas! E de alguns superiores, que o queriam afastar de Agua de Dios.

Como Dom Bosco foi exemplar na obediência. Perante as calúnias não dizia uma palavra. Era credível porque era obediente. Dom Rua, em Turim, encorajava-o.

Morre em Calcutá, na Colômbia, a 1 de fevereiro de 1923, longe dos seus amados doentes, como quisera a obediência. Agora repousa em Agua de Dios, na capela das suas Filhas. 

Fonte: https://www.salesianos.pt/biografia/b-luis-variara/

Beata Candelária de São José - 31 de janeiro

Susana Paz Castillo Ramírez, terceira filha de Francisco de Paula Paz Castillo e Maria do Rosário Ramírez, nasceu em Altagracia de Orituco (Estado Guárico, Venezuela), em 11 de agosto de 1863.

Seu pai era um homem reto e honrado, de grande coração e profundamente católico; gozava do apreço e estima de todos os habitantes; possuía conhecimentos de medicina e os empregava para ajudar a muita gente. Sua mãe era uma pessoa piedosa, trabalhadora e honrada.

Os pais deram a seus filhos uma educação tão esmerada quanto lhes permitia as circunstâncias de seu tempo. Sua instrução acadêmica, ainda que escassa e deficiente, própria da época, não foi um impedimento para sua formação integral: frequentou uma escola particular onde deu seus primeiros passos na escrita e no cultivo de sua paixão pela leitura. Aprendeu também corte e costura e vários tipos de trabalhos manuais, especialmente bordados. Este aprendizado foi muito valioso para ela no futuro.

Seu pai morreu em 23 de novembro de 1870, quando Susana contava com 7 anos de idade. Quando sua mãe faleceu, em 24 de dezembro de 1887, Susana, que tinha 24 anos, assumiu as responsabilidades de cuidar da casa. Ao mesmo tempo, praticava a caridade com os doentes e feridos que recolhia e cuidava em uma casa semiabandonada, junto à igreja paroquial, pois no início do século XX a Venezuela viveu uma grande turbulência política, econômica e social como consequência da revolução pela libertação.

Junto com outras jovens de sua vila, com o apoio de um grupo de médicos e do Pe. Sixto Sosa, pároco de Altagracia de Orituco, fundou um hospital para atender a todos os necessitados. Ali, em macas e catres de lona, que ela mesma confeccionava, os atendia.

Com a fundação deste centro de saúde, em 1903, se deu início à família religiosa das Irmãzinhas dos Pobres de Altagracia, atualmente denominada Irmãs Carmelitas de Madre Candelária. Em 13 de setembro de 1906, com autorização do bispo diocesano, Madre Susana fez sua profissão religiosa tomando o nome de Candelária de São José, ela que desde muito jovem era devota de Nossa Senhora da Candelária.

Em 31 de dezembro de 1910 a Congregação das Irmãzinhas dos Pobres de Altagracia nasceu oficialmente com a profissão das primeiras seis Irmãs pelas mãos de Mons. Felipe Neri Sendrea, que confirmou Madre Candelária como Superiora Geral. Em dezembro de 1916 ela emitiu seus votos perpétuos em Ciudad Bolívar.

Após vários acontecimentos, a Beata decidiu abraçar a espiritualidade carmelitana e pediu para entrar na Ordem do Carmo como fundadora das Carmelitas Terceiras Regulares na Venezuela. No dia 25 de março de 1925 o pedido foi aceito e em 10 de julho de 1926, com algumas companheiras, recebeu o hábito carmelitano. Em 9 de agosto de 1926, Mons. Sixto Sosa, Bispo de Cumaná, nomeou-a Superiora Geral e Mestra de Noviças no Noviciado de Porlamar.

Seguiram-se anos de trabalho intenso, também devido aos terremotos que atingiram a Venezuela. Muitas foram as obras fundadas por ela: hospitais e uma escola para crianças pobres em Altagracia de Orituco.

Sua vida transcorreu entre os pobres; se distinguiu por uma profunda humildade, uma inesgotável caridade, uma profunda vida de fé, oração e amor à Igreja. Além de sua esmerada atenção com os enfermos, se preocupou com a educação das crianças, tarefa que deixou como legado às suas filhas carmelitas.

A Madre Candelária era uma religiosa de carácter afável, recolhida, de olhar modesto; após uma conversação cordial e amena com ela, sempre ficava uma suavidade em quantos a ouviam.

Outra característica sua era a alegria; tudo fazia com amor e uma confiança sem limites na Divina Providência. Seus grandes amores foram Jesus Crucificado e a Santíssima Virgem. Percorreu muitos quilômetros em busca de recursos para a manutenção de suas obras e fundando novas comunidades que responderam às necessidades do momento.

Governou a Congregação durante 35 anos, desde sua fundação até o capítulo geral de 1937, quando a sucedeu no cargo a Madre Luísa Teresa Morao.

Os últimos anos da Madre Candelária foram marcados pela dor e pela enfermidade. Entretanto, depois de deixar o cargo de Superiora Geral, aceitou continuar prestando seus serviços à Congregação como Mestra de Noviças.

Tinha plena consciência de sua enfermidade, porém com incrível paciência suportava as dores e dava provas de conformidade com a vontade de Deus. Pedia ao Senhor poder morrer com o nome de Jesus nos lábios, e assim aconteceu. Na madrugada do dia 31 de janeiro de 1940, após pronunciar três vezes o nome de Jesus, entregou sua alma ao Criador, em Cumaná. Foi sepultada no cemitério de Santa Inês. O corpo da Beata foi exumado e colocado na Casa-mãe de Caracas.

Em 22 de março de 1969 iniciou-se na cidade de Caracas seu processo de beatificação e canonização. Foi beatificada em 27 de abril de 2008.


Oração

Ó Deus que vos alegrais em habitar nos corações puros, concedei-nos, por intercessão da beata Candelária de São José, viver, por vossa graça, de tal maneira que mereçamos ter-vos sempre conosco.  Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. 

Beato Sigismundo Pisarski - 30 de janeiro

Ele nasceu em Krasnystaw, Ucrânia. Em 1921 ingressou no seminário de Lublin. Foi ordenado sacerdote em 1926. Depois de trabalhar em Modliborzyce e Sol, foi enviado a Zamch para organizar uma paróquia católica no meio de uma população predominantemente ruteno-ortodoxa. Depois de inúmeras dificuldades e acusações contra ele, ele teve que ser transferido. A investigação aberta sobre seu comportamento o reabilitou completamente. Após uma breve estada em Perespa, foi nomeado pároco de Gdeszyn (Hmbieszów). Aqui completaria 10 anos, nos quais se creditou como pároco zeloso e dedicado ao seu ministério. Ele era sóbrio, austero, modesto, humilde, tinha conseguido controlar seu caráter forte e gozava da estima de seus paroquianos.

No mês seguinte à guerra, quando os alemães governavam todo o país, sua paróquia foi confiscada e entregue à confissão ruteno-ortodoxa. Ele converteu um quarto de sua casa em uma capela e continuou a ministrar lá em meio a uma atmosfera de terror criada pelos nazistas e nacionalistas ucranianos. A polícia o prendeu e o submeteu a um interrogatório brutal para extrair os nomes dos comunistas e daqueles que guardavam as chaves da igreja. Como ele se recusou a informar alguém, ele foi levado para a saída da cidade onde foi baleado. O Papa João Paulo II o beatificou como mártir em 13 de junho de 1999, juntamente com outros mártires de origem polonesa que foram vítimas do nazismo.

Por: Padre José Manoel Silva Moreno

 

Beata Boleslava Maria Lament - 29 de janeiro

Primeira dos oito filhos do casal Martino Lament e Lúcia Cyganowska, Boleslava Lament, nasceu em 3 de julho de 1862 em Lowicz, Polônia.

Durante sua infância viu com dor a morte de suas irmãzinhas Helena e Leocádia, e do pequeno Martino; era um tempo em que a mortalidade infantil dizimava as crianças, fazendo com que as famílias numerosas perdessem muitos de seus membros. A pequena Boleslava foi marcada irremediavelmente por estas dolorosas experiências.

Depois dos cursos elementar e colegial, Boleslava foi para Varsóvia onde conseguiu o diploma de modista em uma escola de artes e profissões; de volta a Lowicz abriu, junto a sua irmã Estanislava, uma casa de modas, enquanto vivia uma intensa vida espiritual em seu interior.

Em 1884, aos 22 anos, decidiu entrar na Congregação da Família de Maria, que estava se organizando em Varsóvia na clandestinidade por causa das perseguições czaristas.

Como religiosa, distinguiu-se pelo dom da oração, do recolhimento, da seriedade e da fidelidade no cumprimento de seus deveres. Depois do noviciado e da profissão dos votos simples, trabalhou como mestra de costura e educadora em muitas Casas da Congregação, abertas no território do império russo.

Mas depois de nove anos, antes de pronunciar os votos solenes, teve uma profunda crise que a fez sentir-se insegura de sua vocação naquela congregação, por isto a deixou e voltou para sua casa em Lowicz, com a intenção de entrar em um convento de clausura.

Aconselhada por seu confessor, optou pelas obras de assistência aos sem-teto, atividade que também continuou em Varsóvia, quando a família mudou-se para lá. Para ajudar nos gastos familiares, abriu uma casa de modas com sua irmã Maria.

Logo lhe confiaram a direção de uma hospedagem para os sem-teto, onde também se preocupou em por em ordem a vida ética e religiosa de seus socorridos. Ela os preparava para receber os Sacramentos, visitava os doentes em suas pobres casas ou nos refúgios, cuidava das crianças.

Em 1894, uma epidemia de cólera atingiu seu pai, colocando sobre seus ombros outras responsabilidades familiares; levou consigo sua mãe e seu irmão Estevão, que era aluno do colégio em Varsóvia e que desejava ser sacerdote.

Ingressou na Ordem Terceira Franciscana onde conheceu o Beato Honorato Kozminski (1829-1916), frade capuchinho, fundador de diversas congregações religiosas que trabalhavam na clandestinidade por causa dos acontecimentos políticos que afetavam a Polônia naqueles tempos.

 Em 1900, uma vez mais a morte golpeou sua família: aos pés do caixão de seu irmão Estevão, Boleslava Lament prometeu voltar à vida de religiosa. Dois anos depois o Pe. Honorato apresentou-a a uma senhora chegada da Bielorrússia, que buscava religiosas para dirigir a Ordem Terceira e um centro educativo em Mogilev, cidade junto ao Rio Dnieper.

Boleslava consciente de todas as dificuldades que enfrentaria, aceitou a tarefa e em 1903 partiu para Mogilev, uma cidade de cerca de 40.000 habitantes. No início morou com Leocádia Gorczynska, que dirigia uma oficina de costura, para ensinar ali essa profissão às meninas das famílias pobres; depois Boleslava alugou uma casa de madeira para convertê-la em sua casa de modas.

Admirada com a laboriosidade de Boleslava, Leocádia Gorczynska decidiu ir viver com ela; em seguida juntou-se a elas Lúcia Czechowska. Neste ponto Boleslava começou a pensar em fundar uma Congregação, rigorosamente religiosa, entregue ao apostolado entre os ortodoxos.

Com a ajuda do Padre Félix Wiecinski, que contribuiu diretamente com a fundação, em outubro de 1905 as três mulheres começaram a nova congregação, chamada inicialmente Sociedade da Sagrada Família, mas que em seguida mudou o nome para Congregação das Irmãs Missionárias da Sagrada Família. Boleslava foi sua primeira superiora.

No outono de 1907, Boleslava mudou-se para Petersburgo com as seis monjas que então formavam a comunidade, onde desenvolveu um ampla atividade educativa, dedicada sobretudo aos jovens, e em 1913 estendeu sua atividade à Finlândia, abrindo um colégio para meninas em Wyborg.

Em Petersburgo empreendeu uma intensa atividade catequética, educativa e assistencial nos bairros mais pobres, se esforçou para criar bom relacionamento entre as alunas e as famílias de diferentes nacionalidades e religiões.

Como consequência das dificuldades geradas pela 1ª. Guerra Mundial e o Movimento Bolchevique que tomou o poder na Rússia em outubro de 1917, Boleslava foi obrigada a deixar a Rússia em 1921 e voltar para a Polônia. Tudo isto produziu enormes perdas materiais, também na Polônia; a Congregação vivia pobremente, mas Madre Boleslava Lament, com sua grande fé, se encomendou totalmente à vontade de Deus e paulatinamente aquilo foi sendo superado.

Durante alguns meses Madre Boleslava dirigiu o trabalho das monjas em Wolynia, em 1922 fundou uma nova Casa na Pomerânia, na Polônia oriental, onde a população era pobre e a maior parte de religião ortodoxa.

A partir de 1924, começou a abrir outras Casas na arquidiocese de Vilna e na diocese de Pinsk; em 1935 já existiam 33 Casas espalhadas por toda Polônia e uma em Roma.

Em 1925, Madre Boleslava foi a Roma para conseguir a aprovação pontifícia de sua Congregação, mas não a conseguiu por falta de clareza sobre as tarefas das monjas, divididas em dois ramos: apostolado e ensino e direção doméstica das Casas.

Em 1935, Madre Boleslava Maria Lament decidiu renunciar ao cargo de Superiora Geral por graves motivos de saúde, e num acordo com a nova Superiora se retirou em Bialystok, onde, embora idosa e gravemente doente, se dedicou a abrir escolas, um hospital para mulheres sozinhas e um refeitório para os desempregados.

A 2ª. Guerra Mundial gerou novas dificuldades para a idosa Madre Boleslava, incluindo a ameaça nazista; foi obrigada a mudar a forma de atuar, adaptando-se às necessidades da época. Em 1941 foi atacada pela paralisia e se dedicou a uma vida mais ascética, transmitindo preciosos conselhos às suas irmãs de hábito.

Morreu santamente em Bialystok em 29 de janeiro de 1946, aos 84 anos; foi levada para o convento de Ratow e enterrada na cripta da Igreja de Santo Antônio.

A Congregação das Irmãs Missionárias da Sagrada Família está difundida na Polônia, Rússia, Zâmbia, Líbia, EUA e Itália.

Fonte: http://heroinasdacristandade.blogspot.com


 

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Beato Gabriel Maria Allegra

 


Padre Allegra nasceu em 26 de dezembro de 1907 em San Giovanni La Punta, província de Catania, uma pequena cidade siciliana na época, localizada no sopé do Etna. Ele era o mais velho de oito irmãos e no batismo deram-lhe o nome de Juan, um nome do qual se orgulhava porque Juan era o discípulo favorito de Jesus, aquele que penetrou nos segredos do Verbo encarnado, e porque Jesus confiou a Juan de a cruz o cuidado de sua mãe. Segundo um dos irmãos, seus pais, Rosario e Juana, nasceram pobres, viveram pobres e morreram pobres dos bens deste mundo, mas ricos em méritos e virtudes. A família Allegra, muito devota da Virgem, era a que guardava o santuário local da Virgem de La Ravanusa, lugar ao qual estão ligados vários momentos importantes do nosso Beato.Falando dos pais, dizia: «Agradeço sempre ao bom Jesus que me deu pais tão cristãos, e rogo-lhe que a nossa casa seja como a de Lázaro, Marta e Maria em Betânia, onde Jesus encontrou corações infalivelmente amigos» .

Em 1918, aos onze anos, ingressou no seminário menor franciscano do convento de San Biagio em Arcireale (Sicília), onde completou os estudos secundários. Em 13 de outubro de 1923, vestiu o hábito franciscano e iniciou o noviciado, mudando seu primeiro nome para Gabriel María. No ano seguinte, em 19 de outubro de 1924, fez sua primeira profissão. Nesse mesmo ano, por ocasião da peregrinação de braço dado com São Francisco Xavier à Sicília, pediu e obteve a graça de uma vocação missionária.

Em 1926 foi enviado a Roma, ao Colégio Internacional de San Antonio, para completar seus estudos eclesiásticos no Antonianum. Lá teve a sorte de ouvir, em 1928, uma conferência sobre Pe. Juan de Montecorvino, franciscano, missionário na China de 1294 a 1328 e primeiro arcebispo de Pequim, por ocasião do sexto centenário de sua morte. A conferência foi - ele diria mais tarde em suas Memórias- "Como um pavio aceso jogado contra um barril de pólvora", e o convenceu de que foi chamado para ser missionário na China. Quando soube que não havia tradução católica de toda a Bíblia na China, decidiu ir até lá para traduzir as Sagradas Escrituras para a língua de Confúcio. Consignou este voto à Virgem Imaculada, por quem sempre teve filial afeição, quando foi à sua cidade celebrar sua primeira missa cantada no santuário de La Ravanusa, em 15 de agosto de 1930, solenidade da Assunção da Virgem Maria. Pouco antes, em 20 de julho de 1930, havia recebido a ordenação sacerdotal em Roma.

Em setembro de 1931 embarcou no porto de Brindisi para a China, enviado por seus superiores como missionário: tinha 24 anos. É verdade que o Padre Allegra foi ao Extremo Oriente para levar o Evangelho às pessoas desse mundo. Mas, dentro desse objetivo geral, ele tinha o objetivo concreto e específico de traduzir a Bíblia para a língua chinesa. Assim, assim que chegou ao seu destino, dedicou-se a estudar chinês em Xangai, e o fez com tanto interesse e paixão que, cerca de quatro meses depois de sua chegada, já podia exercer seu ministério na cidade. : confessou, batizou e começou a pregar em chinês. E conseguiu dominar a língua chinesa de tal maneira, tanto em sua forma literária quanto em sua forma popular, que se tornou, entre os próprios chineses, um professor entre os professores.

No final de 1932, foi nomeado reitor do seminário menor de Heng Yang. O padre Gabriel se definia como apóstolo da Palavra, e realmente era no sentido profundo e completo do termo segundo aquele pensamento tão caro a ele de “cooperador da verdade”. Sua figura deve ser vista na dupla luz de um sacerdote de Deus, devorado pelo zelo pelas almas, e um apaixonado e entusiasta buscador da verdade. Ele costumava pedir ao Senhor quatro coisas: sabedoria, santidade, apostolado e martírio. Em sua vida, ele encarnou verdadeiramente o ideal do verdadeiro Frade menor, como São Boaventura o descreveu: sábio, humilde, piedoso e extremamente zeloso.

Com a grande bagagem cultural que possuía (conhecia e falava, além de italiano e chinês, inglês, francês, espanhol, alemão e, entre as línguas bíblicas, latim, grego, siríaco e aramaico), Pe. Allegra, em nos primeiros anos de sua experiência missionária, empreendeu sozinho a tradução do Antigo Testamento do texto hebraico e aramaico, e em 1941 havia terminado praticamente um primeiro rascunho. Mas não quis assumir exclusivamente a responsabilidade de uma tradução dos textos originais: viu que era necessária a colaboração de outros. Com a ajuda de alguns colaboradores, em 1944 praticamente finalizou sua primeira obra, a tradução do Antigo Testamento. Infelizmente, durante as vicissitudes da guerra, ele perdeu mais da metade do texto traduzido.

Em 12 de agosto de 1946, foi publicado em Hong Kong o primeiro volume, o dos Salmos, seguido de outros onze, totalizando 10.000 páginas, que incluíam, além dos textos bíblicos, rico comentário e notas atualizadas e críticas de grande valor científico.

Terminada a tradução do Antigo Testamento, em 1954 foi para a Terra Santa junto com seus irmãos de religião, para um curso de formação permanente.

Ele retornou a Hong Kong em 1955 e se dedicou a traduzir o Novo Testamento do texto grego. O sonho de traduzir toda a Sagrada Escritura tornou-se realidade com a publicação das Cartas Católicas e do Apocalipse em 1961. Mais tarde, em 1968, o Studium Biblicum Franciscanum publicou pela primeira vez na história a Bíblia completa traduzida para o chinês (Antigo e Novo Testamentos) em um volume.

Traduzir a Bíblia dos textos originais para o idioma chinês certamente envolveu grandes esforços; basta pensar na necessidade de criar novas palavras para expressar conceitos até então desconhecidos na língua e na mentalidade chinesa. Por isso, o mérito de Pe. Allegra é extraordinário: com sua tradução ele não escreveu uma teologia chinesa, mas colocou os chineses em condições de escrever sua própria teologia; ou seja, permitiu interpretar o texto da Revelação segundo as categorias próprias da experiência e da cultura do lugar. Com sua obra, nosso beato permitiu o acesso direto aos textos do Apocalipse segundo a tipicidade chinesa, para descobrir aspectos culturais e institucionais diferentes daqueles que estão consolidados na Europa Ocidental. Seu mérito é, e não pequeno, tendo profeticamente antecipado uma diretriz que surgiria mais tarde no Concílio Vaticano II.

Para se ter uma ideia do que significa a obra do Pe. Allegra na China de hoje, basta citar o que algumas grandes personalidades afirmaram. O Arcebispo Yupin, Arcebispo de Nanjing (China), cidade considerada a “Capital da Educação, Ciência, Cultura, Arte e Turismo”, afirmou por ocasião da publicação do último volume: “A tradução da Bíblia é o maior empreendimento literário realizado na China pela Igreja Católica. A partir de agora, a história da China pode ser dividida em dois períodos: antes e depois da tradução da Bíblia pelos franciscanos». O Dr. Chang Tzu, diretor da Biblioteca Nacional de Taipei, não é menos elogioso: “Todos admiram com razão o quanto os monges budistas na China fizeram com a introdução e tradução de seus livros sagrados;mas há muito mais que os franciscanos fizeram com a tradução da Bíblia e especialmente com o Comentário».

Os mais altos testemunhos de estima são os que vêm dos Romanos Pontífices: desde as palavras encorajadoras de Pio XI, até a carta paterna e cheia de delicada compreensão de Pio XII, ou as palavras laudatórias de João XXIII: «A atividade do Estudo Bíblico de Hong Kong, da qual o P. Gabriel Allegra foi e é animador, é um dos aspectos mais válidos no atual apostolado da Igreja no Extremo Oriente». Em 21 de novembro de 1955, o Pontifício Ateneu Antoniano de Roma (hoje Universidade) conferiu ao Pe. Allegra um doutorado honorário em teologia.

A tradução e publicação da Bíblia, primeiro em partes e depois na íntegra, que é a obra fundamental, foi seguida, como complemento necessário, por outras publicações: a edição popular dos Evangelhos, depois a de todo o Novo Testamento e , finalmente, o da Bíblia completa em um único volume. Além disso, como trabalho de divulgação, publicou uma antologia bíblica original sob o título de "O Bom Anúncio do Reino de Deus"; também, um Dicionário Bíblico de cunho científico e uma revista bíblica de cunho pastoral e apologético. Por outro lado, traduziu para o chinês os documentos pontifícios mais conhecidos de Leão XIII e Paulo VI. Ele também traduziu alguns sonetos de autores chineses para o italiano, escreveu suas memórias autobiográficas e, surpreendentemente, compôs um comentário teológico sobre oA Divina Comédia , obra considerada de particular interesse pelo centro de estudos dantescos de Ravena.

Partindo do interesse comum pela Sagrada Escritura, Pe. Allegra, com espírito conciliar e evangélico, dirigiu sua atenção aos frades separados, iniciando com eles um diálogo intenso e construtivo com fins ecumênicos. Neste campo deu vida aos "seminários bíblicos", ou reuniões de estudo, com representantes das várias denominações protestantes da Europa, América e Ásia. Ele organizou semanas bíblicas em Formosa, Japão e Hong Kong. Ele pregou retiros espirituais para seminaristas anglicanos. Ele também cultivou outros campos de interesse, em particular a arte e a música.

Em suma, Pe. Allegra não era apenas um homem de estudo. Acima de tudo, era um Irmão Menor, humilde, de grande coração, aberto a todas as misérias físicas e morais, das quais se aproximava com particular ternura. Existem inúmeras almas em todo o mundo que, sob sua orientação, recuperaram a fé ou a esperança. Aproveitou todas as oportunidades para falar com palavras simples, como queria São Francisco. Ele falou aos humildes e aos eruditos.

Mas a sua paternidade espiritual voltou-se sobretudo para os leprosos, aos quais professava um amor particular. Aproveitava os feriados e os dias de folga para conhecê-los e passar dias inteiros na companhia deles.

Na vida do Pe. Allegra não se notaram manifestações espirituais marcantes. Sua Santidade tinha uma aparência totalmente comum, mantendo-a zelosamente escondida. Externamente, ele fazia coisas comuns como todos os outros, mas as fazia de maneira extraordinária. Exerceu heroicamente as virtudes teológicas e cardeais. O "Decreto Pontifício sobre as Virtudes" diz: "Observou com grande fidelidade a Regra franciscana e os votos". A sua vida é um testemunho eloquente do primado do amor de Cristo e do serviço fiel à Igreja, a exemplo de São Francisco. A Carta Apostólica de sua beatificação o chama de “sacerdote da Ordem dos Frades Menores, humilde discípulo da Sabedoria Divina, fiel apóstolo das Sagradas Escrituras, zeloso missionário nas terras do Oriente”.

Em sua vida de fé e devoção, Pe. Allegra reservou um espaço completamente privilegiado para a Bem-Aventurada Virgem Maria: ele nutriu por ela um amor filial, terno e afetuoso. Ele sempre dirigiu suas orações a ela, colocou o Estudo Bíblico Franciscano sob sua proteção e conversou com ela de maneira carinhosa. Quando voltou à Sicília, seu primeiro pensamento foi visitar o santuário de Nossa Senhora de Ravanusa e ali permanecer em oração.

Ele amou e serviu a Igreja com generosidade e perseverança. Ele realizou suas práticas de piedade com naturalidade e humildade. Ele mal falava de si mesmo e não gostava de ser elogiado pelos outros. Ele não fez nada sem o mérito da obediência. Uma nota característica sua foi a simplicidade franciscana, que se expressa como transparência, linearidade e determinação no que se faz, para devolvê-lo a Deus. Quem lhe perguntou quais eram os meios para promover a união com Deus, ele listou estes dois: a oração e a ciência como busca. Fiel à tradição franciscana, soube unir esses dois pilares de sua vocação, que realmente sustentaram sua vida com Deus e sua obra.

Gabriel Maria Allegra morreu no hospital "Canossa" (Caritas) de Hong Kong em 26 de janeiro de 1976, apreciado por todos como um homem de grande caridade e sabedoria. Em 1986 seu corpo foi transferido para Acireale e sepultado na igreja do convento franciscano de San Biagio, que logo se tornou destino de peregrinações. Em 23 de abril de 2002, João Paulo II reconheceu o milagre atribuído à intercessão de Pe. Allegra e, em 29 de setembro de 2012, foi beatificado em Acireale, na Catedral Basílica da Anunciação de Maria Santíssima.

Devemos considerar o Beato Gabriel M. Allegra não apenas como o santo a quem nos dirigimos para implorar graças, mas também como um irmão, um modelo de vida no qual podemos inspirar-nos a rever os nossos comportamentos, as nossas relações com Deus e com os outros. homens, nossos interesses culturais; perguntemo-lhe como viver a fidelidade, a busca da verdade, a caridade, o desapego das coisas e todas as outras virtudes cristãs.


[cf. http://www.ofmsicilia.it/beatoallegra.htm ]